Equipes cross-funcionais vem se tornando cada vez mais presentes nas organizações, especialmente naquelas que buscam equipes de alta performance para criar produtos e serviços inovadores.

A forma com que as equipes se organizam nesses casos é bem diferente do que se fazia há 10 anos atrás, de forma que as pessoas atuam cada vez mais em colaboração com profissionais dos mais diferentes perfis e competências e também façam diferentes atividades em vez de ficar presos a um cargo ou função.

Aquelas famosas frases “fiz a minha parte” ou “esse é meu trabalho” está cada vez mais, caindo em desuso nas empresas.

Equipes cross-funcionais

Os métodos ágeis de desenvolvimento de software, pregam a ideia de se formar times que sejam responsáveis pelo produto de fora-a-fora (end-to-end) ou seja desde a concepção de uma ideia até a entrega do produto em funcionamento.

Para que isso seja possível as equipes passam a ser cross-funcionais (ou cross-disciplinares), ou seja, é preciso que a equipe seja formada por pessoas com todas as habilidades necessárias para desenvolver o produto (por exemplo: desenvolvedores, designers, UX designers, testadores, analistas de negócio), todo mundo trabalhando na mesma equipe e colaborando para atingir um objetivo comum.

Equipes funcionais

Nas tradicionais fábricas de software a realidade era bem diferente. As equipes eram funcionais, ou seja, eram formadas por profissionais que tinham a mesma função, e para que um produto fosse entregue, ele precisaria passar por diversas equipes (silos).

Nessas empresas era comum se ter diversos silos, uma grande equipe de analistas de requisitos, uma grande equipe de desenvolveres, uma grande equipe de testadores, uma grande equipes de designers, etc. O trabalho começava em uma equipe e ficava indo e voltando para outras equipes diversas vezes antes de estar pronto para ser entregue para o cliente.

É claro que equipes funcionais também são importantes e em diversos contextos podem ser até melhores do que equipes cross-funcionais.

Impacto na Comunicação

Uma das maiores vantagens de se ter uma equipe cross-funcional é que a comunicação necessária para entre pessoas de funções diferentes é muito maior do que a comunicação necessária entre pessoas da mesma função, justamente porque os mundos deles são bem diferentes. Dois analistas de negócio tem mais facilidade de se comunicar, do que um analista de negócios e um desenvolvedor de software. Equipes cross-funcionais tornam a comunicação mais eficiente.

Diversidade gera Inovação

Outro ponto importante é que a diversidade de uma equipe cross-funcinal cria um ambiente mais propício para a inovação, como mostram as pesquisas apresentadas no artigo “How Diversity Can Drive Innovation” da Harvard Business Review. Há inclusive relação entre diversidade e prosperidade da empresa.

Equipes Multi-funcionais

Já uma equipe multi-funcional (ou multi-disciplinar) é muito comum em empresas que utilizam o método Kanban, nesse caso, além se de uma equipe com pessoas de diferentes funções, ainda as pessoas fazem mais de uma função. Geralmente, são equipes compostas dos famosos profissionais T ou especialistas-generalistas, aqueles profissionais que são especialistas em alguma coisa, como por exemplo programação, mas também são capazes de fazer outras atividades como por exemplo testar ou levantar requisitos.

Um dos principais benefícios de se ter uma equipe multi-funcional é a eliminação de gargalos no processo e aumento da vazão (entrega) da equipe.

Isso porque ninguém fica sobrecarregado em equipe multi-disciplinares. Sempre que há mais trabalho de um determinado tipo para ser feito, mesmo que não seja a especialidade dos demais membros da equipe, eles estarão sempre prontos a deixar sua função principal para ajudar o especialista até que o trabalho seja entregue eliminando o gargalo.

Multi-disciplinaridade e títulos de trabalho

Muitas empresas vem adotando títulos de trabalho mais amplos, como sugere Jurgen Appelo, inclusive em registro de carteira de trabalho no caso do Brasil, de forma que o título do trabalho da pessoa não limite demais o escopo de seu trabalho. Por exemplo, em vez de contratar as pessoas como testadores, programadores, ou analistas de negócios, contrata-se como engenheiro de software independente da especialidade, de forma que a pessoas apesar de atuar a maior parte de seu tempo em sua especialidade também faça outros trabalho mais generalistas quando necessário.

Nessa linha de pensamento adota-se a visão que o engenheiro de software é capaz de trabalhar em todo o processo de desenvolvimento de software de ponta-a-ponta, não se limitando a uma parte do processo apenas.

Resumo

Equipe Funcional: Composta de pessoas que desempenham uma única função (ex: equipe de testadores).

Equipe Cross-Functional: Composta de pessoas com diferentes funções, de forma que cada membro da equipe desempenha uma função diferente (ex: o testador, testa, o programador, programa).

Equipe Multi-Functional: Composta de pessoas com diferentes funções, porém os especialistas também são generalistas, ou seja, além de sua função de especialidade desempenham outras funções. (ex: o testador, testa, mas também faz análise de negócios).

Para aprender mais leia o artigo da Harvard Business Review: Develop Your Company’s Cross-Functional Capabilities e também o artigo da Ceci Fernandes sobre Multi-disciplinaridade e Diversidade.