Você já ouviu falar de uma Empresa 100% Flat (ou seja, sem nenhuma hierarquia)? Pois é, ela existe! Trata-se da Valve, isso mesmo, aquela empresa que criou o Jogo Half-Life, mais conhecido aqui no Brasil, apenas, como Counter Strike.
A Valve não tem gerentes e ninguém diz ao colaborador no que ele deve trabalhar. Ele escolhe.
Depois de contratado o funcionário recebe um pequeno livro que é um guia de como as coisas funcionam lá, e sobre como ele pode se situar e descobrir formas de agregar valor à empresa.
“Você foi contratado para estar constantemente buscando pela coisa mais valiosa que você pode estar fazendo”.
Outro aspecto importante dessa forma de organização é que “a falta de estrutura tradicional vem com uma importante responsabilidade: todos deve esforçar-se em focar no que pensam que as metas de longo prazo da organização deveriam ser”.
A liderança é situacional e independente de cargo.
As mesas são móveis para que o colaborador possa trocar de lugar sempre que precisar para estar próximos das pessoas com quem precisa colaborar mais no momento.
O feedback frequente é incentivado e anualmente são realizadas revisões em par para feedback e avaliações. As pessoas são avaliadas em quatro grupos distintos: Nível de Habililidade/Técnico, Produtividade/Resultado, Contribuição com o Grupo e Contribuição com o Produto.
A lucratividae por colaborador da Valve é bem alta (segundo o handbook, maior que da Google, Amazon e Microsoft) e os salários são mais altos do que o padrão de Mercado.
As Pessoas são Multifuncionais: “Dentro da Valve, nós assumimos o papel necessário para o trabalho a nossa frente. Todos somos Designers. Todos podemos questionar o trabalho uns dos outros…”
Os Profissionais são Profissionais T (Especialistas Generalistas): “As pessoas mais bem sucedidas na Valve são muito habilidosas em um conjunto de coisas e experts em uma disciplina específica”.
No Handbook, há vários outros aspectos bem originais e interessantes. Quando ao modelo flat, eu, particularmente, acredito que esse modelo de gestão completamente distribuída não funcione em todos os contextos (na verdade, acredito que nada funcione em todos os contextos). Mas, sem dúvida, na Valve funciona muito bem, e pode ser uma oportunidade para que muitas outras organizações copiem ou sejam inspiradas por esse modelo de sucesso.
Faça o Download do Handbook no Site da Valve.
Agradecimentos Especiais ao Cassiano Coria pela Dica da Valve.
André,
Muito bom post. É muito interessante ver modelos de organização bastante diferentes dos tradicionais dando certo.
O que me parece cada vez mais é que a chave do sucesso está muito nas pessoas. Como dá para ver, a Valve escolhe pessoas especialistas/generalistas e que com certeza, além disso, devem possuir alguns traços de personalidade/cultura muito distintos dos comumente encontrados no mercado.
Vou dar uma olhada no livreto deles tbm, deve ter coisa interessante aí.
Muito legal o resumo sobre a Valve, André. Já conhecia o handbook deles e muitas das ideias que eles utilizam nós também aplicamos na Webgoal (como ser 100% flat e trabalhar com liderança situacional, por exemplo).
Gostaria de aproveitar a oportunidade e compartilhar um ponto de vista que tenho sobre a ausência de hierarquia numa empresa.
A ausência de gerentes e de uma relação hierárquica entre os cargos numa empresa 100% flat simplifica muito a relação entre as pessoas e promove uma comunicação mais efetiva. Entretanto, é bom lembrar que ainda existe um nível hierárquico: todos devem obedecer a missão, a visão e os valores da empresa. A cultura organizacional é guiada por essas diretrizes, que são determinadas por um grupo de pessoas.
Concordo que é diferente (e melhor) prestar contas do meu comportamento e dos meus resultados para uma consciência coletiva criada ao redor da cultura organizacional (e que exerce pressão sobre mim) do que para uma pessoa que muitas vezes nem compreende as diretrizes estratégicas de uma empresa.
Portanto, estamos todos subordinados aos valores, crenças e objetivos de uma empresa. Esses sim são os verdadeiros “chefes”.
Perfeito, Matheus.
Excelente contribuição.
Principle-driven Organization!
Muito Obrigado.
Abraço.
Quando o handbook da Valve “vazou”, gerou um burburinho no meio gamer, até porquê as pessoas que curtem jogos, mas não desenvolvimento, acharam muito diferente e novo.
Ainda existe um certo mistério na produção de jogos, mas no fundo, sabemos que tudo que aplicamos no desenvolvimento de sistemas, pode ser aplicado no desenvolvimento de jogos.
Muito bacana o texto, André! É bacana ver modelos de gestão aplicados e funcionando em grandes empresas, principalmente quando retornar um resultado tão bom, como fica evidenciado pelo sucesso da Valve!
Apesar de concordar que qualquer empresa de qualquer tamanho pode possuir a propriedade de uma estrutura mais flat, ainda assim resta a pergunta: “Como na minha organização hierárquica com mais de 1000 pessoas eu transiciono para uma estrutura mais flat, colaborativa e situacional?” – nascer, crescer e manter uma estrutura assim me parece muito mais simples que mudar um sistema hierárquico. Manter um sistema funcional é bem mais difícil que influenciar e mudar um sistema ruim.
O único trecho do blog que não concordo é esse: “pode ser uma oportunidade para que muitas outras organizações copiem” – minha contribuição seria: “Não copiem a Valve”.
Bacana Yoshima, é uma honra ter um comentário seu aqui. =)
Se eu entendi o que você disse, concordo. Toda organização é diferente. Nenhum modelo funcionará bem para todas. Por isso, não se deve copiar, mas descobrir o próprio caminho.
Em vez de uma modelo pronto para ser copiado, podemos olhar para a Valve como uma inspiração, uma empresa que buscou seu próprio jeito de ser, e desafiou muitas crenças.
Abraço.